sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Tokyo restringe vendas de Manga e Anime "prejudiciais"

Imagem via 'The Finantial Times'


De acordo com a notícia que recebi do Japan Probe, que por sua vez cita artigo do The Wall Street Journal, o Governo Metropolitano de Tokyo (Tokyo Metropolitan Assembly) aprovou esta quarta-feira uma lei com vista à restrição das vendas de Manga e Anime de conteúdo sexual "extremo".

Mas não se pense que em Tokyo, ou no Japão em geral, a venda irrestrita de banda desenhada de conteúdo explicitamente sexual e/ou violento era uma caótica e abjecta realidade condenável socialmente. Nada disso, uma vez que antes de esta lei passar já há limites (compreensíveis) à sua disponibilização e visibilidade junto dos adolescentes. Aquilo que agora se conseguiu foi estender o conceito de “pornografia” a zonas cada vez mais potencialmente difusas do manga ou do anime, querendo enquadrá-las num tipo de conteúdo que manifestamente não tinham. Uma censura, basicamente.

Mas isto não causa estranheza, se consideramos que foi o governador da capital nipónica, Shintaro Ishihara, um controverso político da extrema-direita (há quem o chame de “Le Pen japonês”), igualmente conhecido pela sua postura xenófoba, racista e homófoba, foi o principal instigador da lei agora passada naquele organismo. Sendo também um ultra-nacionalista, espanta (ou não, ou não) que assim tenha conseguido materializar o seu empenho no ataque a uma das indústrias culturais pelas quais o Japão mais é conhecido no mundo inteiro.

Como já li num comentário, esta não é uma lei anti-Pornografia (nada a opor, apesar de ser tema que me levaria mais longe do que agora pretendo com a referência a esta notícia), mas sim anti-Tudo-o-que-o-censor-pensa-que-é-prejudicial-às-crianças e muitos opositores — alguns professores universitários, incluídos — referem a natureza vaga e aberta a interpretações do seu texto. E “vago” e “interpretação” são conceitos pouco naturais para o comum dos mortais no Japão, que sempre foram educados a seguir e cumprir determinados padrões.

Há, contudo, que ressalvar que esta não é uma Lei nacional, mas sim uma aprovada no exclusivo âmbito da Tokyo metropolitana (o que, em si, já constitui um “universo”).

De fenómeno popular, passaremos ao oposto extremo do underground? Se assim for, suspeito que a sua fama se tornará ainda maior…

A mim sempre repugnou todo o tipo de restrição baseada em preconceitos que “alguém” decide defender “por mim”. Haja responsabilidade e bom senso e certas “leis” seriam perfeitamente dispensáveis. Caso contrário, o resultado está à vista: uma qualquer mente (não!) “iluminada” virá a decidir por mim o que devo, ou não, fazer/pensar/sentir.

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