sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Lá (tempo e local) como cá

Eye of the Setting Sun por hougaard


A ler a seguinte citação não me consegui impedir de escrever sobre a inevitável, imediata e automática comparação que estabeleci mentalmente. Pelos vistos, intemporal e extra-geográfica. Mais detalhes após a dita.

Olhem para o Japão [...] Tenta fazer o seu caminho na companhia das potências de classe mundial [...] É como uma rã que tenta ser tão grande como uma vaca. É claro que, não tarda, irá rebentar. A luta afecta-te a ti e a mim e a toda a gente. Devido à pressão da concorrência com o Ocidente, os Japoneses não têm tempo para descontrair [...] Não admira que sejam todos neuróticos [...] Não pensam senão em si mesmos e nas suas necessidades imediatas. Olhem para todo o Japão e não verão um centímetro quadrado onde brilhe a luz de uma esperança. As trevas cobrem-no totalmente.

Agora peço para se fazer um simples exercício, o qual consiste em simplesmente trocar as palavras "Japão" e "Japoneses" por "Portugal" e "Portugueses". Sou só eu que não vê qualquer tipo de diferença ou alteração substancial, face à realidade dos nossos dias, entre duas nações tão distantes, numa parábola escrita [*] há exactamente 101 anos atrás?

Este, o triste espírito em que vivemos, ou em que eu vejo encontrarmo-nos. (corrigam-me se estiver enganado).


[*] Citação da autoria do mais famoso escritor japonês do Período MeijiNatsume Soseki (1867-1916), na sua obra de 1909 intitulada "Sorekara" ("E Depois", "And Then" em Inglês), retirada, com a devida vénia, do livro que aqui mencionei há diasEdições 70.

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