segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

As canções e a vida

É impressionante, a coincidência entre certos estados-de-espírito e aquilo que se ouve, musicalmente. Começo por falar da música. Neste momento, em viagem para o trabalho, acabo de ouvir "I Don't Know What I Can Save You From" e "Failure" (vídeos mais abaixo, com respectivas letras). Ambos os temas são dos noruegueses Kings of Convenience e foram editados no seu 1º álbum, intitulado Quiet Is The New Loud (2001).

Agora as emoções. Ando há meses, qual crisálida renitente, a passar por um processo pessoal e emocional tremendo e que se prende com um relacionamento falhado, após algumas décadas. São 25 anos de casamento e mais uns 10 e picos "por fora" (com a mesma pessoa). Mas nem sempre ele foi "falhado" (há que admiti-lo), mas a insistência em certos comportamentos e situações (em ambos os lados) minaram-no a ponto de nem eu próprio me conseguir mais rever nele. E havia, tarde ou cedo, que lhe pôr um fim. Para quê prolongar uma agonia quando se pode eutanasiar algo que já não vive a não ser na cabeça de uma das pessoas e mesmo assim sem grande convicção? E eu tentei normalizar as coisas. Juro que tentei e não por uma ou duas vezes. (sendo algo de tão pessoal, para que estou pr'aqui a falar nisto, pergunto-me?)

Fará sentido insistir-se em comportamentos socialmente aceitáveis apenas para manter aparências? Para bem de quem, ou com que comodidade em vista? Mesmo tendo alguém a dizer-nos "Eu amo-te", será válido questionarmos, não digo a honestidade, mas a actualidade deste sentimento? Não entrarei aqui em detalhes mas a verdade é que num casal, "amar" não é — hélas! — TUDO... É importante. Muito importante. Mas há outros valores que têm de ser igualmente nutridos, alimentados, fomentados, partilhados e respeitados (de ambos os lados). Para esta pessoa, pelo menos, não chega. Ia ao ponto de chegar mesmo a questionar-me da justeza desta situação, da ruptura iminente. Seria inevitável? Até que ponto seria legítimo ou desejável perpetuar algo que já não existe?

Mas nem tudo se deve ao que exponho. Há outros episódios (de parte a parte) pelo meio, que já eram sintomas de que algo não estava bem. Não entrarei aqui em detalhes escusados — há limites para revelações "públicas" da nossa vida íntima — mas é verdade que, em retrospectiva, dificilmente um casal sobreviveria como tal por muito mais tempo. Mesmo assim e desde a crise anterior decorreram quase 11 anos. Há filhos envolvidos (um deles, ainda bebé) e isso, na época em que os outros dois eram respectivamente adolescente um e infante, o outro, teve um peso importante em certas decisões. Agora, já não servem para tal, nem mesmo o mais pequenino. Todos os limites de qualquer tolerância que fosse devida foram ultrapassados e re-ultrapassados. Há que avançar e viver com a ideia de que tenho de pensar em mim e na minha felicidade, tentando depois dar o meu melhor aos meus filhos (os mais velhos dos quais nem sequer me falam há meses). Até porque me recuso a passar a outra metade da vida que me reste (se vivesse até aos 100, LOL) da forma como a vivi nos últimos anos. Basta! Tenho de ser mais inteligente do que isto. Acima de tudo, de me sentir mais humano e realizado do que até agora. Quem está à minha volta não merece menos do que isto. Falhei. Mas quero, ao menos, tentar acreditar que vou (estou!) a aprender com os erros passados. Doa a quem doer, a começar por eu próprio. Como dizem os KoC:

"Failure is always the best way to learn
Retracing your steps until you know
Have no fear your wounds will heal"

Cá vão eles, os temas de que falei. Temas estes que, confesso, são sempre muito bons independentemente da mensagem, da música, da hora a que os desfrutemos ou da forma como cada qual os queira entender. Ou absorver.


"I Don't Know What I Can Save You From"





You called me after midnight,
must have been three years since we last spoke.
I slowly tried to bring back,
the image of your face from the memories so old.
I tried so hard to follow,
but didn't catch the half of what had gone wrong,
said "I don't know what I can save you from."

I asked you to come over, and within half an hour,
you were at my door.
I had never really known you,
but I realized that the one you were before,
had changed into somebody for whom
I wouldn't mind to put the kettle on.
Still I don't know what I can save you from.



Failure





Using the Guardian as a shield
To cover my thighs against the rain
I do not mind about my hair

Your jacket may be waterproof
But I know the moment you get home
You're gonna get your trousers changed

Failure is always the best way to learn
Retracing your steps until you know
Have no fear your wounds will heal

I wish I could travel overground
To where all you hear is water sounds
Lush as the wind upon a tree

I wish I could travel overground
To where all you hear is water sounds
To capture and keep inside of me

Failure is always the best way to learn
Retracing your steps until you know
Have no fear your wounds will heal

Failure is always the best way to learn
Retracing your steps until you know
Have no fear your wounds will heal

E os óscares 2011 foram para...


Melhor Filme:
Black Swan - Cisne Negro
The Fighter
A Origem
Os Miúdos Estão Bem
VENCEDOR: O Discurso do Rei
127 Hours - 127 Horas
A Rede Social
Toy Story 3
True Grit - Imparável
Winter's Bone

Melhor Realizador:
Darren Aronofsky, Black Swan - O Cisne Negro
David O'Russel, The Fighter
VENCEDOR: Tom Hooper, O Discurso do Rei
David Fincher, A Rede Social
Joel Coen and Ethan Coen, True Grit - Imparável

Melhor Actriz Principal:
Annette Bening, Os Miúdos Estão Bem
Nicole Kidman, Rabbit Hole
Jennifer Lawrence, Winter's Bone
VENCEDORA: Natalie Portman, Black Swan - O Cisne Negro
Michelle Williams, Blue Valentine

Melhor Actor Principal:
Javier Bardem, Buitiful
Jeff Bridges, True Grit - Imparável
Jesse Eisenberg, A Rede Social
VENCEDOR: Colin Firth, O Discurso do Rei
James Franco, 127 Hours - 127 Horas

Melhor Actriz Secundária:
Amy Adams, The Fighter
Helena Bonham Carter, The King`s Speech - O Discurso do Rei
VENCEDORA: Melissa Leo, The Fighter
Hailee Steinfeld, True Grit - Imparável
Jackie Weaver, Animal Kingdom

Melhor Actor Secundário:
VENCEDOR: Christian Bale, The Fighter
John Hawkes, Winter`s Bone
Jeremy Renner, A Cidade
Mark Ruffalo, O Miúdos Estão Bem
Geoffrey Rush, The King`s Speech - O Discurso do Rei

Melhor Filme de Animação:
Como Treinares o Teu Dragão», Chris Sanders e Dean DeBlois
O Mágico, Sylvain Chomet
VENCEDOR: Toy Story 3, Lee Unkrich

Melhor Direcção Artística:
VENCEDORES: Alice no no País das Maravilhas, Robert Stromberg (design de produção) Karen O'Hara (decoração)
Harry Potter e os Talismãs da Morte - Parte 1, Stuart Craig (design de produção) e Stephenie McMillan (decoração»
A Origem, Guy Hendrix Dyas (design de produção) e Larry Dias e Doug Mowat (decoração)
The King`s Speech - O Discurso do Rei, Eve Stewart (design de produção) e Judy Farr (decoração)
True Grit - Imparável, Jess Gonchor (design de produção) e Nancy Haigh (decoração)

Melhor Fotografia:
Black Swan - Cisne Negro, Matthew Libatique
VENCEDOR: A Origem, Wally Pfister
The King`s Speech - O Discurso do Rei, Danny Cohen
A Rede Social, Jeff Cronenweth
True Grit - Imparável, Roger Deakins

Melhor Guarda-Roupa:
VENCEDOR: Alice no País das Maravilhas, Colleen Atwood
Eu Sou o Amor, Antonella Cannarozzi
The King`s Speech - O Discurso do Rei; Jenny Beavan
The Tempest, Sandy Powell
Indomável, Mary Zophres

Melhor canção:
Coming Home, Country Strong, Tom Douglas, Troy Verges e Hillary Lindsey
I See the Light, Tangled, Alan Menken, Glenn Slater
If I Rise, 127 Horas, A.R. Rahman, Dido, Rollo Armstrong
VENCEDOR: We Belong Together, Toy Story 3, Randy Newman

Melhor edição:
127 Horas, Jon Harris
Cisne Negre, Andrew Weisblum
The Fighter, Pamela Martin
O Discurso do Rei, Tariq Anwar
VENCEDOR: A Rede Social, Angus Wall e Kirk Baxter

Melhores efeitos especiais:
Alice no País das Maravilas, Ken Ralston, David Schaub, Carey Villegas e Sean Phillips
Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1, Tim Burke, John Richardson, Christian Manz e Nicolas Aithadi
Hereafter, Michael Owens, Bryan Grill, Stephan Trojanski e Joe Farrell
VENCEDORES: Inception, Paul Franklin, Chris Corbould, Andrew Lockley e Peter Bebb
Iron Man 2, Janek Sirrs, Ben Snow, Ged Wright e Daniel Sudick

Melhor Documentário:
Exit Through the Gift Shop, Banksy e Jaimie D'Cruz
Gasland, Josh Fox and Trish Adlesic
VENCEDORES: Inside Job, Charles Ferguson e Audrey Marrs
Restrepo, Tim Hetherington e Sebastian Junger
Waste Land, Lucy Walker e Angus Aynley

Melhor Curta Metragem:
The Confession, Tanel Toom
The Crush, Michael Creagh
VENCEDOR: God of Love, Luke Matheny
Na Wewe, Ivan Goldschmidt
Wish 143, Ian Barnes E Samantha Waite


Melhor Curta Documentário:
Killing in the Name
Poster Girl
VENCEDORES: Strangers No More, Karen Goodman e Kirk Simon
Sun Come Up, Jennifer Redfearn e Tim Metzger
The Warriors of Qiugang, Ruby Yang e Thomas Lenno

Melhor edição de som:
VENCEDOR: Inception, Richard King
Toy Story 3, Tom Myers e Michael Silvers
TRON: Legacy, Gwendolyn Yates Whittle e Addison Teague
Indomável, Skip Lievsay e Craig Berkey
Unstoppable, Mark P. Stoeckinger

Melhor Mistura de Som:
VENCEDORES: Inception, Lora Hirschberg, Gary A. Rizzo, e Ed Novick
O Discurso do Rei, Paul Hamblin, Martin Jensen, e John Midgley
Salt, Jeffrey J. Haboush, Greg P. Russell, Scott Millan e William Sarokin
A Rede Social, Ren Klyce, David Parker, Michael Semanick, e Mark Weingarten
True Grit, Skip Lievsay, Craig Berkey, Greg Orloff, e Peter F. Kurland.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Gestão ou Caos? Qual escolher??

Been there, done that.... (é toda uma carreira profissional, aturar incompetentes)

Dilbert.com

Assim é difícil...

Chegar-se a um domingo como o de hoje, ensolarado, e sem carro à disposição é chato. É que tenho voltas a dar em zonas mal servidas de transportes públicos (área metropolitana de Lisboa, digamos). Não devia ter posto o meu na revisão...

Bentley Continental GT

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Kraftwerk - Minimum-Maximum (o concerto)

Minimum-Maximum foi o nome escolhido pela banda alemã para identificar os espectáculos que produziu ao vivo em 2005. Aconselho vivamente a compra do DVD que então foi lançado no mercado. Como estou a (re)ver tudo, partilho aqui a transmissão de um dos concertos, na totalidade, dividido em duas partes. Na primeira, estes são os temas a seguir (na mesma sequência surgida no DVD duplo mas não com a mesma "separação", digamos):

Disco 1
01. Meine Damen Und Herren
02. The Man-Machine
03. Planet of Visions
04. Tour De France 03
05. Vitamin
06. Tour De France
07. Autobahn
08. The Model
09. Neon Lights
10. Radioactivity
11. Trans Europe Express




No disco 2:
01. Numbers
02. Computer World
03. Home Computer
04. Pocket Calculator / Dentaku
05. The Robots
06. Elektro Kardiogramm
07. Aero Dynamik
08. Music Non Stop
09. Aero Dynamik / MTV






Qual destes não poderá ser considerado um clássico da electrónica? Se responder "Um ou mais", então só me resta pedir-lhe, delicadamente, com amizade e dedicação, que se vá deitar na linha de comboio mais próxima e que espere que oTrans-Europa Express lhe passe por cima. Boa viagem!!

Transportador Metafísico

Imagem via Photobucket (autor desconhecido)


Uma profissão que gostaria de ter seguido... Se conseguisse alcançar a verdadeira dimensão do termo.
(expressão ouvida de Damo Suzuki, vocalista dos Can entre 1970 e 1973)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Raispartam as Time zones!! [Óscares 2011]

Nomeações Óscares 2011

Anualmente sou assaltado por pensamentos violentos associados à diferença horária entre o país em que resido e aquele em que se leva ao palco a cerimónia de entrega dos óscares.
Esta podia, por exemplo, dar-ser apenas nos nossos sonhos, que assim poderia moldar as diferenças geográficas a meu bel-prazer, como no Inception.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Coisas de gaja

Parece nome de blog (provavelmente já é…) mas nada disso. Com este "coisas de gaja", expressão que há dias me foi dita circunstancialmente por alguém que me é muito querido, apeteceu-me discorrer — apetites e discorrer são sempre razões suficientes para materializar muitos dos posts neste blog — sobre o que, no fundo, estaria subjacente à expressão.
O que serão estas "coisas"? Não sei ao certo e discordo da expressão, pois com ela se está automaticamente a implicar que existem diferenças entre as coisas que as gajas e os gajos gostam — brejeiramente considero que existe é alguma diferença entre a “coisa” da gaja e a do gajo...
Mas pronto, gosto de acreditar que elas apenas existem na cabeça de cada um (dos sexos/géneros) e isso é que ajuda a criar a barreira diferenciadora, por culpa dos próprios. Que, repito, no fundo não existem! Admito gostar de algo que pode ser considerado de-gaja mas também já vi estas a manifestarem interesse (e não pouco!) pelas que algum machão costuma considerar como exclusivo da sua "classe", que são de-gajo.
Isto, ou então estou pr’aqui com cenas de gajo...

Objectos desmontados

Uma interessante (e nova?) forma de perspectivar alguns objectos do nosso dia-a-dia e da quantidade de peças que os compõem é o que se apresenta nesta página do Fubiz. Intitulada "Disassembled Objects", nela se mostra o trabalho de decomposição do fotógrafo canadiano Todd McLellan, retratando objectos como telefones, máquinas fotográficas, cortadores de relva, relógios e mesmo as já anacrónicas máquinas de escrever de impacto. Aqui não há electrónicas (ou haverá muito pouca percentagem delas).

Frases "deixa-me-rir"


Um colega para o nosso coordenador:

"Se eu tapar os ouvidos e começar a cantar tu vais-te embora??"

#LOL

Facebook ou facebook?

Sou um pouco "miudinho" com este tipo de coisas — preciosismos, dirão alguns, para avacalhar(em) comportamentos do género... Basicamente, é isto: em publicações impressas ou pela net fora, bastantes delas escritas por profissionais do ramo dos Media, vejo quase sempre o nome da mais badalada "rede social" ser referido com éfe maiúsculo, ao invés da forma (friso a palavra forma) correcta e oficial de referir o Face..., perdão, o facebook. É que se até o logótipo da empresa se escreve com éfe minúsculo para quê, então, persistir-se na contradição? Será distração? Laxismo dos copywriters (ou lá como se chamam agora)?


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

The King of Limbs Is Dead

Imaginei que seria mais ou menos assim que se apelidaria um ficcional álbum confeccionado pelos Radiohead e os The Decemberists. Explico. Estando há poucos instantes a reouvir este último, registou-se-me na mente a coincidência do recurso à referência do título nobiliárquico em ambos os mais recentes trabalhos musicais de longa duração das bandas lideradas por Thom Yorke e Colin Meloy, respectivamente "The King Of Limbs" e "The King Is Dead". Felizmente e para que não hajam mais confusões ou equiparações, os seus registos são completamente diferentes e, até, opostos. Se os primeiros continuam cada vez mais a recorrer às electrónicas elegantes, embora algo discretas, o segundo renova (recorda?) alguma da boa música de inspiração Country ou Folk norte-americana. Repito o que já tinha comentado algures: este último trabalho do grupo de Colin Melloy evoca(-me) o de um Neil Young do séc. XXI. Não quero, para já, repetir aqui mais vídeos de ambas as bandas, apontando-vos para os dois vídeos que já partilhei. "Lotus Flower" (Radiohead) e "Rise To Me" (The Decemberists).

Trabalhos a não perder neste início de 2011. No meu livrinho, dois que irão marcar a cena musical nos tempos mais próximos.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

The Decemberists, "Rise to Me"



Big mountain, wide river
There's an ancient pull
These tree trunks, these stream beds
Leave our bellies full

They sing out:
I am going to stand my ground
You rise to me and I'll blow you down
I am going to stand my ground
You rise to me and I'll blow you down

Hey Henry can you hear me?
Let me see those eyes
This distance between us
Can seem a mountain size

But boy:
You are going to stand your ground
They rise to you, you blow them down
Let me see you stand your ground
If they rise to you, you blow them down

My darling, my sweetheart
I am in your sway
To cold climes comes springtime
So let me hear you say

My love:
I am going to stand my ground
They rise to me and I'll blow them down
I am going to stand my ground
They rise to me and I'll blow them down

sábado, 19 de fevereiro de 2011

"O Peso do Vazio"

É-me impossível passar ao lado da escrita de Mia Couto. Tal como fiz na passada semana, volto a destacar mais uma sua crónica publicada originalmente no moçambicano "O País Online". Lá como cá — em toda  a parte? — as suas palavras abordam temas pungentes e atingem uma tal lucidez na análise que sinto terem saído da minha própria cabeça (muito menos lúcida que a dele, certamente). Acho que "Irmandade" também qwuer dizer isto. Leia-mo-lo.

As próprias letras das canções e os respectivos vídeo-clipes são um culto da ostentação oca e bacoca. Meninos de fatos italianos, cheios de penteados (a mostrar que lhes pesa mais o cabelo que a cabeça) e com dourados a pender dos dedos, dos dedos e do pescoço (a mostrar que precisam apenas de mostrar), meninos que cantam pouco e se repetem até à exaustão, fazem o culto deste vazio triste...

Durante anos, o sistema bancário esteve vendendo vazios. Durante esse tempo a arte esteve no empacotar esse vácuo. Esse cultivo da aparência em substituição da substância invadiu as nossas sociedades, no Norte e no Sul do planeta. Esse fascínio pelo brilho exterior estende-se a todos os domínios. Não interessa tanto quem sejas. Interessa o que vestes e como te vendes. Não interessa o que realmente sabes fazer. Interessa a arte de elaborar CVs, de acumular cursos e de te saberes colocar na montra. Não interessa o que pensas. Interessa como embrulhas o pensamento (ou a sua ausência) num bonito invólucro de palavras. Não interessa, no caso de seres governante, como governas e como produzes riqueza para a sociedade. Interessa a pompa e a circunstância. Em suma, o que pesa é o vazio.

Nas artes, o espectáculo tomou conta dessa generalizada ausência de conteúdo. Pouco importa a voz da cantora. Quem escuta a desafinação se ela rebola os quadris com sedução de gata? Quem disse que uma boa cantora tem que cantar? Numa nação em que pouco dinheiro pode salvar vidas, patrocínios chorudos foram aplicados em programas mediáticos de procura do rosto mais bonito, do corpo mais bonito.

As próprias letras das canções e os respectivos vídeo-clipes são um culto da ostentação oca e bacoca. Meninos de fatos italianos, cheios de penteados (a mostrar que lhes pesa mais o cabelo que a cabeça) e com dourados a pender dos dedos, dos dedos e do pescoço (a mostrar que precisam apenas de mostrar), meninos que cantam pouco e se repetem até à exaustão, fazem o culto deste vazio triste em que o que brilha é falso e o que é verdadeiro é mentira. Que valores se veiculam? O carro de luxo (dado pelo papá), a vida fútil, a riqueza fácil. Ai, pátria amada quanto te amam de verdade? Ai, África odiado quanto desse ódio te foi dedicado pelos próprios africanos? Quanto teremos que dar razão ao grande escritor Chinua Achebe quando disse, na carta que escreveu a Agostinho Neto: “O riso sinistro dos reis idiotas de África que, da varanda dos seus palácios de ouro, contemplam a chacina dos seus próprios povos?”

Essa substituição do conteúdo pobre pela forma e pelo aparato pobre faz parte da nossa cultura de empreendedores instantâneos. Há que criar uma empresa? O melhor é que ela não produza nada. Produzir é uma grande chatice, custa tempo e dá muito trabalho. O que está é o lobby, a compra e venda de influências, é ser empresário de sucesso sobretudo porque esse sucesso vem de ser filho de alguém. Para a empresa ser de “peso” há que se gastar tudo na fachada, no cartão de visita, na sala de recepção.

Toda esta longa introdução vem a propósito de um outro jogo de aparências. O acto de pensar foi dispensado pelo uso mecânico de uma linguagem de moda. Já falei de workshops como um espécie de idioma que preenche e legitima a proliferação de seminários, workshops e conferências que pululam de forma tão improdutiva pelo mundo inteiro. Existem termos de moda como “o desenvolvimento sustentável”. Um desses termos mágicos que dispensa qualquer tipo de raciocínio e que cauciona qualquer juízo moral ou proposta política é a expressão “comunidade local”.

Mas aqui surge uma outra operação: por artes inexplicáveis as chamadas “comunidades locais” são entendidas como agrupamentos puros, inocentes e portadores de valores sagrados. As comunidades rejeitam? Então, nada se faz. As comunidades queixam-se? É preciso compensá-las, de imediato, sem necessidade de produzir prova. As comunidades surgem como entidades fora deste mundo e olhadas como um bálsamo purificador por um certo paternalismo das chamadas potências desenvolvidas.

As comunidades estão acima de qualquer suspeita, são incorruptíveis e têm uma visão infalível sobre os destinos da humanidade. É assim que pensam uns tantos missionários dessa nova religião que se chama “desenvolvimento”. Uma tropa de associações cívicas, organizações não governamentais servem-se desse conceito santificado e santificante. Essa entidade pura não existe. Felizmente. O que há são entidades humanas, com os defeitos e as virtudes de todas as entidades compostas por pessoas reais.

O esforço de idealização promovido quer pelos profetas do desenvolvimento quer pelos defensores dos fracos não confere com a realidade que é mais complexa e mundana. O bom selvagem defendido por Rosseau nunca foi nem “bom”, nem “selvagem”. Foi simplesmente pessoa.

Thom Yorke & Benny Hill

O que têm o mentor dos Radiohead e o comediante em comum? Isto:



O Thom filmado nalgum intervalo (ou pausa para descompressão?) do vídeo oficial de um dos oito temas do álbum mais recente da sua banda, "The King Of Limbs":

O Mapa-Mundi da Fantasia

E se se juntassem os mundos lidos (e imaginados) no universo criado nas obras, mais ou menos clássicas, da chamada Fantasia? O artista Dan Meth pensou nisso primeiro e criou este The Fantasy World Map.

"Tonight I’m Frakking You"

Esta video-subversão do tema "Tonight I’m Loving You" de Enrique Iglesias, lançada há poucos dias pelo Break.com é uma delícia para entendidos na matéria cinéfila de Ficção Científica (variantes TV e Cinema) e da BD. Aqui há de quase tudo e todo o principal ícone da cultura Sci-Fi aparece para deleite do geek que há em nós. Falo de Star Wars, Super Mario Brothers, Ghostbusters, Battlestar Galactica, Star Trek, alguns Avengers da Marvel e muito mais. E o que eu adoro de Slave Leias... Melhor e mais divertido que o original (que a canção é chatérrima, mesmo nesta versão). Abanai os capacetes e os vossos fatos espaciais, se fazem favor.

Estranho castor...

Strange Beaver é o nome do site que vou apresentar. Por algum do seu conteúdo pode ferir susceptibilidades quer dos vivos, quer dos já finados há (digamos) uns 2 mil e tal anos. O esboço abaixo é um bom exemplo do que falo. Mas nada como ir até ao local e desfrutar a vista por nós próprios. No fundo é um repositório de imagens, distribuídas pelos temas Wallpapers (fundos de ecrã) e Memes, cada qual contendo várias sub-categorias onde se encontram fotos, desenhos e ilustrações, sempre com uma inspiração satírica. Todos já recebemos em e-mails aquelas imagens que nos fazem rir, quer sejam alterações mais ou menos bem feitas em Photoshop ou outras mais realistas mas não menos caricatas. Agora, e sempre que for necessária alguma imagem mais excentríca ou cómica, do-outro-mundo, mesmo, este é um dos locais a visitar de imediato. Depois de uma visita à página, estará pronto para, você também, começar a inundar os amigos ou colegas com os tais e-mails que nos fazem rir à segunda-feira...

Da série "Jesus is a Jerk"

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Dead Island, o trailer do videojogo

"Fenomenal" é o adjectivo mínimo que consigo encontrar para classificar este trailer do futuro videojogo Dead Island. E não o digo simplesmente pela ideia (peregrina? Nem por isso) de ser apresentado na sequência temporal inversa àquela em que foi "tomado". No segundo vídeo poderão assistir ao mesmo trailer mas na ordem cronológica "normal" e depois julguem por vós próprios.

Aviso já que a violência gráfica é... bem, digamos que é violenta...








Mais informação na página facebook oficial.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

NOVIDADE: Conhece o novo dispositivo portátil de conhecimento

Nos dias de hoje é considerado revolucionário e proporcionador de novas experiências e sensações. Está no mercado mais um dispositivo portátil de leitura, que em nada fica a dever à concorrência e por diversos motivos. Antes de mais, não depende de baterias e, por isso, tem uma autonomia que deixa a milhões de anos-luz (ou Watts, se preferirmos ser mais tecnicistas) qualquer dispositivo da concorrência. Monocromático ou disponível em diversas cores, tamanhos e pesos, proporciona uma experiência envolvente e que pode, inclusive, ser partilhada em directo com o parceiro ou parceira do lado, com todas as vantagens económicas daí advenientes: compra um e poderás partilhá-lo com quem quiseres, numa experiência de interactividade nunca vista. Os conteúdos disponíveis no mercado são praticamente infinitos e diariamente são lançados novos exemplares, de vários temas. Funcionando sem fios ou outros artifícios periféricos, é no entanto garantida uma ligação directa ao cérebro (tenta lá fazer melhor, ó Steve Jobs!)

Corre a comprar um antes que esgotem! Eu já aquiri dois este mês e no próximo vou querer mais, tal é a facilidade em se ficar tecnológico-dependente desta maravilha. A inovação tem o nome de BOOK e pode ser devidamente apreciada com mais detalhes no vídeo promocional, que tenho o prazer de aqui partilhar e onde poderás tomar conhecimento dos vários acessórios criados para o acompanhar.



Pobres dos Nossos Ricos — É universal (e interminável?)

Pobres dos Nossos Ricos
(Mia Couto, escritor moçambicano)

A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos.
Mas ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos".
Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.
É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram.
Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitavam de forças policiais à altura.
Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia.
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.

Sabes que és um #Péreve quando...


...entras numa loja da Apple e te pões a jogar no facebook assim que encontras um pc com acesso à net.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O meu pequeno-almoço


Dei três "obrigados" + 1 — um por cada coisa que me serviram (café pingado, sumo de laranja natural, bola mista e quando me devolveram o cartão Multibanco) — e pedi a uma funcionária (de cor) "Dê-me uma branquinha, se faz favor" (uma sandes mal cozida, queria dizer).
Acho que o dia me podia ter começado melhor...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A química dos encontros


Não, não vou — recuso-me — a falar do "Dia dos Namorados" que hoje se celebra (?!). Iria começar a arengar prosa eventualmente venenosa e não quero estragar com isso as ilusões de quem me leia e acredite nestas coisas como os infantes acreditam no Pai Natal. Falo, antes, de algo mais genérico e não tão (Grâçe à Dieu!) dependente de uma folha de calendário à qual se chega depois do rasganço inevitável e distraído das folhas anteriores.

Química porquê? Talvez por existir um componente, diria "mágico", na forma como duas pessoas (não necessariamente de sexos diferentes) se encontram algures no decurso das suas vidas. Uma "fórmula"? Não sei. Falo por experiência e esta leva-me a admirar, assim, tanto tempo passado, na forma pela qual nos conhecemos, como nos cruzámos. O não se saber o segredo deste composto e o resultado que daí advém já é, para mim, admiração suficiente para que nela acredite com reverência (perdoe-se-me o pleonasmo).

Olhando para trás no tempo, não consigo vez alguma determinar como foi (apesar de saber a data em que o "foi"), "o" que foi que nos aproximou. Mas aconteceu e não o lamento. Mais que tudo, os encontros importantes são aqueles que acontecem fortuitos, como algo que não planeamos. É algo que mexe connosco, que nos espevita, nos faz abrir os olhos para a realidade (ou para uma realidade outra).
É uma química boa, seja ela qual for. Mexe(-me) cá dentro...

Lições de Guitarra

Ressurgiu hoje na net e não posso deixar de aqui a divulgar. Falo de uma ilustração do argentino Maxim Dalton na qual são retratados 35 guitarristas da área do Rock, representando vários subgéneros e épocas. Congratulo-me por ter decidido escolher Frank Zappa como #1. Tivera eu tal habilidade gráfica e podem apostar que o FZ seria sempre o meu primeiro! Cá vão eles, vistos de cima para baixo, esquerda para a direita:

Frank Zappa, George Harrison, Slash, Jimi Hendrix, Keith Richards, Jimmy Page, Stevie Ray Vaughan, Eric Clapton, Mark Knopfler, Brian May, Johnny Ramone, Jack White, The Edge, Chuck Berry, Angus Young, Pete Townshend, Tony Iommi, Eddie Van Halen, David Gilmour, Ace Frehley, Ritchie Blackmore, Duane Allman, Kirk Hammett, Carlos Santana, John Frusciante, Yngwie Malmsteen, Kurt Cobain, Mike Bloomfield, Jerry Garcia, Ry Cooder, Bo Diddley, Jeff Beck, Tom Morello, Brian Setzer e Peter Green.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Percurso(s) de vida



Hoje ocorreu-me falar deste tema. Estava na banheira a tomar duche quando me surgiu assim do nada — há quem cante debaixo de água, eu filosofo e penso… na Vida. Nunca li seja o que for sobre "percurso(s) de vida" nem mesmo consultei a Wikipedia, por isso vou aqui deixar o que eu acho sobre o assunto.

O percurso de vida é assim, tipo, como que andarmos num passeio no qual os incautos se arriscam a pisar o cocó que os outros deixaram para trás. Isto, claro, só acontece aos mais distraídos. Os mais atentos gabam-se de ter feito um percurso sem incidentes nem necessidades de limparem os pés no capacho que pode ser as costas de alguém (também estes a percorrerem o seu próprio caminho). O percurso de vida, tal como o vejo, é uma inevitabilidade. Desde que se nasce até que nos finemos, todos fazemos uma espécie de balanço daquilo que foram os resultados das nossas escolhas, ou falta delas. É isso: ele é sempre pensado em termos de Passado. Nunca (ou raramente, vá) as pessoas pensam nele em termos do Futuro. "O que virei ainda a percorrer? O que estará perante mim e como lidar com isso?"

Eu sou dos que se inclui no primeiro grupo, na maior parte do tempo, embora admita que também tento avançar o bio-relógio para ver o que poderei "ser", ou o que me poderá esperar ao virar alguma esquina da vida. Mas é quase sempre uma tentativa falhada. É mais fácil, admito, olhar-se para trás e chegar a uma série de constatações sobre aquilo que fomos e por que já passámos até ao momento em que pensamos nisso¬. O meu? Não me orgulho dele, se considerar os anos mais recentes (uns dez, doze). Digamos que me fartei de pisar cocó e só "agora" olho para a sola dos sapatos! É que nem a merda me cheirou, a não ser quando parei um bocado — finalmente! — e comecei a olhar à volta. Como não sou daqueles que limpam (nunca consegui nem tentar) as solas em costas alheias, para usar a imagem que acima criei, não tive outro remédio senão olhar para a coisa de frente e tomar decisões. "OK, o que podes fazer para limpar a porcaria?" Ora aqui reside outra parte chata do "percurso de vida": quando se pensa nele, versão 'Passado', é quase sempre para lamentar alguma coisa! E parece que só tem sentido depois de acontecer… Além do mais (terceira chatice associada) serve quase sempre para que terceiros, estranhos mesmo, nos avaliem! "Fulano-de-tal teve um percurso de vida x e y..." dito assim, em conversas de corredor, como se estivessem num velório. Arrepiante, é o mínimo que posso dizer para classificá-lo.

Decidi há já algum tempo que ia mudar este estado de coisas. Doravante e sempre que, no chuveiro ou noutro local, me puser a pensar no (meu) "percurso de vida", quero fazê-lo com a consciência de que o fiz mas que me mantive devidamente atento ao trilho e, muito mais importante, consciente de que na Vida os percursos não se fazem sozinhos. Há sempre alguém ao nosso lado, alguém que nos ajuda a valorizá-los e que os (e "nos") enriquecem.

O meu "percurso de vida" jamais será o mesmo, quando nele pensar daqui a uns anos. Mas sei que vai ser bem melhor que o anterior.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Adeus. Olá. Até um dia.

Faz amanhã seis anos que partiste.
Ainda recordo vividamente a última vez que te vi, naquela cama. Ajudei-te a mudares de posição e não esqueço as caretas que fazias (de dor). Mal sabia que seria a última vez que te veria, naquele sábado à tarde. Sinto-te a falta e não a sinto (estranho...). Pelo menos, não sempre. Se te dissesse que me fazes falta, acreditarias? Provavelmente, não. Não interessa. Acabaram-se os teus sofrimentos há seis anos, isso é que conta. Tanta coisa se passou entretanto, que acho bom que não assistisses, ou estejas a assistir (directamente?), a tudo isto.
Falaremos disso (se quiseres) quando nos encontrarmos.
Pai.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A "fonte-de-fora"

A mim e mais 64 elementos de áreas de IT foi comunicado há dias que os nossos serviços iam passar a ser desempenhados em outsourcing ao abrigo de uma (nome "giro", este) ACE, ou Agrupamento Complementar de Empresas, cuja finalidade é exactamente a prestação de serviços na área das tecnologias de informação. Como seria de esperar, antes de se chegar a esta situação concreta, já desde há alguns anos se vinha especulando nos corredores (ou Rádio Corredor, como lhe chamamos) que um dia seria dia-santo.

É já a partir do próximo 1 de Abril (parece mentira mas não é) que todos os que assinarem o contrato de cedência que lhes foi entregue na passada semana, irão ter um novo patrão mas sem perderem o vínculo à casa-mãe original (dizem "eles", ao menos). Os serviços a prestar, até Setembro deste ano, serão igualmente os mesmos que todos vínhamos garantindo até àquela data. A mim (algo de congénito) apetece gozar imenso com o assunto, mas ainda não arranjei coragem para tal...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Rock das Couves, Uma Retrospectiva Histórica (via BBC Four)

Pode parecer algo estranho que um dos mais famosos movimentos musicais originário da Alemanha do pós-guerra tenha sido baptizado de Krautrock (Rock da(s) Couve(s)). Porquê couves, que nada devem à musicalidade, excepto talvez como resquício sonoro, após digestão, de resultados nada agradáveis ao ouvido (ou nem mesmo ao nariz)? Por que não Würste Rock (plural)? Ou Apfelstrüdel Rock? Tudo pratos típicos daquelas paragens da Europa Boreal? Avanço a minha razão: após a Primeira Guerra Mundial o "inimigo", exactamente estes alemães que me levam a escrever sobre a sua música marcante a vários níveis, começaram a ser conhecidos pejorativamente como "krauts" (entre nós traduzido para "boche", e ainda bem que ninguém se enganava na sua soletração...) Mas divago.

Do Krautrock pode dizer-se que se iniciou em finais dos anos de '960 com contornos reveladores de uma vontade de inovar e de, em simultâneo, dar largas a uma criatividade proporcionada pelo aumento do nível de vida decorrente na Alemanha (então Ocidental) e da sua Economia emergente e bem sucedida, após a destruição e o caos criados pelo segundo conflito mundial armado que marcou o séc. XX. Inicialmente mais de cariz experimental, o género acabou por ser estendido, exageradamente, a meu ver, a quase todo o Rock produzido em terras da Germania. Se não, e como exemplo dos primeiros, basta procurar-se na net pelo som de bandas (umas mais conhecidas que outras) como Popol Vuh, Amon Düül, Faust, Neu!, Ash Ra Tempel, Can ou mesmo os Kraftwerk. Começando por estar ligado a sonoridades psicadélicas de origem electrónica e "planantes" pela extensão temporal melódica, é mesmo considerado um subgénero do Rock Progressivo da época, o que acaba por ser compreensível.

O canal BBC Four britânico, conhecido por ter já realizado documentários (imperdíveis) sobre alguns outros importantes capítulos da música popular contemporânea (por exemplo sobre os "Hawkwind", "Synth Britannia" e o "Prog Rock Britannia"), lançou em 2009 um documentário dedicado ao assunto. Ontem encontrei-o no YouTube, dividido em 6 partes, e não posso deixar de aqui o divulgar, mais que não seja como revisão-da-matéria musical. Sempre que ouvirem falar no termo — hoje em dia apenas marginalmente usado para identificar as sonoridades alemãs da área do Rock — agora já poderão apreciar a dimensão e raízes do termo.














Informação mais detalhada sobre este movimento artístico alemão pode ser consultada nesta página da Wikipédia.

A Força está com ele! (Parte II)

Regresso ao tema do já famoso vídeo publicitário da VW inspirado no mundo Star Wars que passou na TV norte-americana durante um dos intervalos da transmissão da 45ª edição do Super Bowl. E faço-o pelo mérito do pequeno actor que encarna uma espécie de Mini-me do icónico Lorde Sith.

Trata-se de um jovem de 6 anos que foi ontem de manhã à televisão, com a mãe, mostrar os seus dotes no domínio da Força e, finalmente, revelar a verdadeira identidade do mestre do Lado Negro. Acontece que afinal é um miúdo bem simpático. Apresento-vos o Max Page, um jovem actor que merece muito respeito e cujo desempenho já ocasionou mais de 16 milhões de hits no YouTube.






Eis de novo o anúncio completo (no intervalo do jogo visionou-se uma versão truncada):

Interrogações(?)


Escreve-se para quê?
Para se obter auto-gratificação narcisista ou puro exibicionismo?
Alguém me/nos lê?
Obtém-se algum prazer disto (escrever)?
Que forma é esta de (se) comunicar?
Conseguirá alguém, não-Português, entender-me?
Dever-se-á escalonar a escrita?
Porque se valoriza a escrita?
Terá sido possível ter escrito um texto exclusivamente com interrogações?
Pergunta final (?): porque causará a escrita tanta questão?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Etiquetas de Viagem

Ao olhar para a coluna aqui ao lado, começo a perceber o que me quiseste um dia dizer com o teu comentário "Acho piada teres tantas tags". Até eu próprio começo a pensar se não estará na altura de as reformular. =P

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Escritor de Redes Sociais


Existe? Como profissão, quero dizer. Sim ou não, candidato-me ao lugar. Pena que não seja remunerado, mas nem tudo na vida o é. Quando me reformar já tenho (outra) carreira.

Drag Racing: 50,000 dólares voaram em 1/2 segundo

As corridas de dragsters (Drag Racing) sancionadas pela NHRA estão entre as muitas variantes do chamado Desporto Automóvel que desde sempre me despertaram interesse. Originárias dos Estados Unidos da América, acabaram por se espalhar um pouco por todo o mundo, com especial relevo para o norte da Europa. Disputam-se entre veículos de 4 ou 2 rodas, mas os primeiros são bem mais interessantes (e brutais, em vários aspectos).

Os pilotos profissionais competem em 4 classes principais de carros, os Top Fuel, os Funny Car e os Pro Stock, e as regras base não podiam ser mais simples (engano que deixo passar, para não tornar este texto demasiado extenso ou técnico; mais detalhes poderão ser apreciados no primeiro link deste post): em cada par de concorrentes vence o que percorrer mais rapidamente a distância de um quarto de milha (cerca de 400 metros), em linha recta, a partir da posição de paragem absoluta. As partidas são dadas por um sistema (a árvore de Natal) de 9 luzes colocadas verticalmente, que se vão acendendo em sequência do topo para baixo sendo que a última, geralmente encarnada, dita a partida. Isto faz com que não baste que o carro seja o mais potente e rápido, o piloto tem de ter um tempo de reacção compatível com o 0.5 segundo que decorre entre o acender de cada uma das últimas 3 luzes.

A "brutalidade" a que me referi no início vem disto: potências de motor na casa dos 8.500 a 10.000 cavalos (BHP) nos Top Fuel e 6.900 a 8.000 cavalos nos Funny Car, acelerações instantâneas de mais de 6G e velocidades à chegada superiores aos 500 Km/h, tudo isto em menos de 5 segundos! E finalmente, mas não menos importante, por uma estética muito própria, sensações fortíssimas para os espectadores (nem falo nos pilotos...) e ruído de fazer calar até o próprio Demo. Ou não funcionassem os motores das 2 classes de topo com cerca de 85–90% de nitrometano com 10–15% de metanol como combustível... Dragões sobre rodas, pois.

O que dá à expressão "motores de explosão" toda uma nova dimensão... E a prová-lo, segue um vídeo do run (que venceu, apesar do sucedido) de Gary Densham em 2009 no qual em meio segundo uma explosão no motor fez desintegrar-se a carroçaria em fibra do seu Funny Car. Foram 50,000 dólares a voar num ápice. Vamos ver:



sábado, 5 de fevereiro de 2011

Eu e o meu cão, hoje na praia

Uma bela tarde junto ao mar, a ler e a ouvir The White Stripes. Tudo acompanhado de Sol e grandes ondas, na praia de São Pedro do Estoril.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Força está com ele!

O anúncio norte-americano ao modelo 2012 do Volkswagen Passat, a passar na TV durante a 45ª edição do Super Bowl que irá ter lugar este domingo próximo:




Detalhe a reter é o preço anunciado para aquele mercado ("A partir de USD $20,000"). Considerando que 20,000.00 USD = 14,678.73 EUR só me resta especular se em Portugal também se verificará esta autêntica pechincha. (querias!)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Concept Ships

Visita recomendadíssima a fãs de arte baseada em Ficção Científica e não só. Um festim visual!
E que difícil se tornou a escolha da próxima nave a adquirir...

http://conceptships.blogspot.com/

Mudanças e decisões que em 2011 implicam...

...optar pelo comprimido certo.

Sem tempo...

Eu queria bloggar qualquer coisa (alguma inutilidade, ou banalidade condizente) mas estou sem tempo para tal coisa. Só para isto. #Dammit