O Alfaiate Lisboeta é um blog onde são mostradas pessoas que, pela estética visual (indumentária eminentemente urbana), são dignas de registo fotográfico. Não sei se propositadamente, a verdade é que o autor das fotografias nunca é identificado; fico sem saber se é o próprio autor, ou se recorre a imagens de outrem.
A ideia de destacar estas situações em que o design de Moda impera não é original. Posso estar enganado, mas a primeira pessoa a quem ocorreu fazê-lo foi Scott Schumann, que é quem igualmente capta as belas fotos vistas no seu nova-iorquino The Sartorialist, http://thesartorialist.blogspot.com/. Atingiu, merecidamente, tal fama que já gerou um livro. Para mim, é mais honesto que a versão alfacinha. E explico porquê.
Entre nós, o Alfaiate Lisboeta tem presença diária no jornal Metro, onde é feito o destaque, também visual, dos seus posts sobre a “fashion” supostamente anónima, em poses pretensa e casualmente avistadas na capital.
Aquilo que nunca percebi (bem) é a associação do topónimo “lisboeta”, enganador, se considerarmos que a muitas das fotos definitivamente *não* foi captada a) em Lisboa, nem b) retrata cidadãos lisboetas (ou portugueses, tout court, vá). Começou assim, mas hoje em dia tal já não é verdade.
E, das duas três, ou os lisboetas/portugueses não são suficientemente “In”, ou “giraços”, ou “peculiares”, ou “bem” o suficiente para serem retratados no blog, ou então o nome que lhe é dado não passa de tentativa mais ou menos descarada (não digo que seja o seu objectivo) de disfarçar uma realidade nossa que, infelizmente, não é a de “lá-de-fora”, onde qualquer cidadão médio se revela mais elegante que o parolo mais bimbo de Portugal, lisboeta ou não…
Ou será que este alfaiate lisboeta quer é mostrar(-nos) como devíamos trajar? Como ele gostaria que trajássemos, todos fashion e BCBG (bon chic bon genre)?
Mas, prestem bem atenção, vê-se que algumas das fotos foram de facto captadas em… Portugal (vá), mas, que se me desculpe a frontalidade, aquelas pessoas (infelizmente, digo eu) não representam o lisboeta. Infelizmente, repito. São fauna de outras paragens e que só se destaca exactamente para mostrar que é diferente mas de uma forma ostensiva. A mim, desculpem-me de novo, não os vislumbro como genuínos.
São Schaufensterpuppen [*] ("Showroom Dummies" na versão cantada em inglês), como cantaria o Ralf Hütter no tema homónimo que compôs nos Kraftwerk (banda do meu coração, admito) inserido no álbum “Trans Europa Express” de 1977. São efectivamente bonecos, só que de carne-e-osso.
[*] Manequins-de-montra
Ooooora bem, vamos lá acertar aqui algumas 'pontas soltas'... :P
ResponderEliminar- queres conhecer o autor? Pois bem, tanto no mencionado Metro aparece a sua 'carinha laroca' como aqui
http://oalfaiatelisboeta.blogspot.com/2010/01/um-ano-de-alfaiate-samarra-do-pai.html
e aqui
http://oalfaiatelisboeta.blogspot.com/2010/01/o-capote-alentejano.html
entre outros posts. Parece que assina os posts como "EM", mas na blogosfera chamam-lhe... Zé (:P), que pode, ou não, ser o seu nome verdadeiro. Who cares?...
- Acho que o "topónimo" 'lisboeta' se pode dever a simples factos como 1) o senhor *ser* lisboeta(?); 2) ser em Lisboa que por mais se movimenta' e onde capta mais fotos(?)... Ocorrem-me outras, mas, no fundo...que diferença faz? Tu fazes viagens ao infinito, é?? x) x)
- Acho que não se pode apelidar o tal senhor de 'falso', ou de querer enganar quem quer que seja: em alguns posts até fala bastante de si, das motivações que o levaram (levam) a fazer e continuar o blog, e até coisas da sua vida que até nem nos interessariam e que nem fariam sentido serem referidas se fossem falsas, mas que se percebe que não pretendem nem atingir ninguém nem 'dar um salto maior que a perna' (pelo menos, interpreto-o assim).
- Se estiveres sentado dez minutos ali na zona entre o Chiado e o Bairro Alto, verás passar por ali muita da 'fauna' que o AL capta nas suas imagens e que, acredita, não são de outras paragens: são portugueses com um estilo próprio, que já alargaram os seus padrões de beleza no vestir, por força da juventude, da irreverência ou mesmo do seu gosto.
Em resumo, o blog é agradável porque não mostra, de facto, o corriqueiro, mas o invulgar e, por vezes, o original. O "não-bimbo", como lhe chamas :P Por vezes os 'outfits' nem são particularmente bonitos, mas apenas diferentes, ou então repara que às vezes a fotografia nem se centra tanto na roupa, mas na expressão da pessoa fotografada, da "aura" (falta-me melhor palavra) que transmite. Eu gosto do AL por causa disso: dos apontamentos de cor na(s) cidade(s), das combinações invulgares (muitas que eu não ousaria experimentar!), de (lá está) serem coias/pessoas que não se vislumbram ao virar da próxima esquina, e do imaginário que se cria a partir de uma foto, seja ela melhor ou pior.
Sim, a ideia não é original, mas também não é cópia do estrangeirinho. No máximo, é um seu 'descendente' português. ;P
Na minha escala de 0 a 20 dava-lhe um 14, vá. Ehehe...
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Xiii... :( Sabia que iria tocar(-te) numa tecla sensível. Mas tanto...
ResponderEliminarNão quis (nem faria sentido neste blog) escrever um, dispensável, "tratado" sobre outro blog. Se assim tivesse sido, obviamente que teria tido oportunidade para o escrever de outra forma e detalhe mais refinado que reflectiria com menos equívocos a forma como o vejo. *EU* o vejo, nota. Que, por ser de *EU* — humano falho como outro qualquer — não pretende ser "definitivo", assertivo", "justo" (até). Espelha a *minha* reacção à sua existência.
Ao autor (para bem dele, "eu" não perderia tempo a ler-me…), se o visse e/ou com ele falasse, esclareceria que não o quero chamar de falso. Acredito na sua honestidade e no propósito do seu trabalho. Muito menos tenho de esperar que ele o faça de molde a agradar a pessoas que o vêem como eu vejo às vezes e também um blog não tem de ser completamente “original” no conteúdo, para ser um bom blog. Tudo trem a ver com substância e pouco com forma.
Nada tenho contra Moda, nem tampouco contra quem a segue ou a ela adere como forma de afirmação ou transmissão de mensagem ou postura urbana, or chame-se-lhe lá o que se lhe quiser chamar. Provavelmente não teria escrito este post se visse que o seu blog era mais esclarecedor quanto a objectivos, de uma forma que o enquadrasse naquilo que *efectivamente* o seu responsável quer transmitir a quem o lê/vê. E também quem fotografa, em que condições (aquilo é encenado? Ele está como o Scott de câmara em punho nas zonas lisboetas “certas” e à hora “certa”? E sempre de dia, qual explorador das savanas africanas à caça do próximo troféu?? WOW!! 0.o how lucky.
Desculpa, mas as fotos têm ar de casualidade encenada (repito o que disse no texto), o que, claro, nada tem “de mal”, mas. As pessoas fazem poses, estão à espera (ter-se-ão aperaltado com esse fim?) de aparecer. Olha, para isto, mais verdadeiras me parecem as fotos de transeuntes da Time Out Lisboa.
Concordo igualmente com a tua justificação para o respectivo nome & etc.. Tudo isso me veio à cabeça (isto não é um tratado, repito).
É por questões como esta que redigi o texto. Claro que pouca informação não significa automaticamente desonestidade. É uma *opção*. Que respeito, mas que nunca me impedirá de sobre ela falar, mesmo arriscando a “falhar”.
Resumindo, tentei aludir ao *todo*, à imagem de conjunto que me fica do blog e não a uma foto ou pessoa particulares. Muito menos achincalhar o autor.
E… 10 minutos na Baixa/Bairro Alto?? Basta um par de minutos e de olhos semi-abertos! Mas seguramente não entre as 09h e as 18:00h. ;)
E “notas”? #Xacáver… Dou-lhe 11/20.
Obrigado por leres e pelo comentário.
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