Está pelos vistos a tornar-se “moda” urbana, pelo menos em Lisboa. Já aqui falei do assunto das fachadas de prédios devolutos (ou a necessitarem de urgente intervenção estrutural, para não dizer renovação estética) que passaram a ser decorados com intervenções de artistas plásticos, em jeito de "OK, vamos fazer aqui uma intervenção artística e ao mesmo tempo disfarçar que esta cena está há anos sem que alguém lhe preste atenção".
Além dos dois casos que já aqui referi (e o de OSGEMEOS foi pioneiro neste tipo de intervenção) há um par de dias constatei que também no topo da Avenida da Liberdade, à esquerda de quem se dirige à Praça do Marquês de Pombal (não tenho ainda fotos), mais uma fachada foi submetida a este tratamento.
Não questiono (mas, sim, este texto tem o intuito de questionar, ou não o teria escrito de todo) a decisão de os pintar. Questiono sim (aliás, suspeito), é que estas medidas camarárias servem para mascarar, ao abrigo do projecto Pampero Public Art 2010 e em mais do que um sentido, a costumeira incúria a que a Câmara Municipal de Lisboa vota ao seu património urbano. A menos que os ditos edifícios lhe não pertençam, caso em que os respectivos proprietários deveriam ser responsabilizados pelo estado a que deixaram chegar os seus bens imóveis.
A justificar as minhas suspeitas, por exemplo, o edifício da Avenida Fontes Pereira de Melo pintado (e muito bem) pel’OSGEMEOS, estava há muitos anos devoluto e a necessitar de obras (ainda e cada vez mais), tendo estado coberto com uma tela colorida, entretanto desbotada até mais não, e que ironicamente enumerava as intervenções camarárias, compulsivas ou de sua iniciativa, já executadas. Agora, pintado “de fresco”, a coisa disfarçou-se e poupou seguramente à C.M.L., através da sua Galeria de Arte Urbana (GAU), alguns milhões de €uros — apesar de considerar que o trabalho do par de graffiters brasileiros não deva ter sido propriamente executado graciosamente. "Enquanto não cair tudo em cima dos transeuntes, estamos bem", pensará a C.M.L.?.
Três edifícios já “tratados”. Até quando e quantos mais se lhes seguirão, sob o pretexto da "Arte Efémera" ou "Street Art"?
Viv’Arte!
Mais vale servirem de telas aos artistas do que continuarem os mamarrachos horrendos que eram, mas mais vale servirem o pretexto que lhes deu origem do que serem disfarçadas sob o 'pretexto artístico'... :P
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