"Rooster with horns", Melody Pena |
Apesar de residir numa zona urbana, relativamente longe "do campo", acordo diariamente ao som de um galináceo. Em pleno século XXI pergunto-me sempre para que raio alguém poderá querer manter (vivo) um galo em sua casa/quintal/jardim? Como despertador está clara e definitivamente ultrapasssado — qualquer telefone moderno tem funcionalidades de alarme muito mais versáteis e complexas incluindo a possibilidade de se optar pelo tom que desejarmos usar para nos tirar da modorra sonífera. Incluindo... o som de um galo cantar! Ainda por cima nem sequer põem ovos e a sua carne é rija! (dizem) É um pássaro gasto, inútil e anacrónico. Nem para animal de estimação serve: não se lhe pode pegar ao colo, que nos tenta logo agredir; faz cocós por todo o lado; é estúpido que nem a proverbial porta; tem penas, o que é prejudicial e propício para transmitir e gerar alergias respiratórias; chamamo-lo e ele não vem; nunca nos salta para o colo, mas, assim o deixássemos, bicava-nos um olho até nos cegar irremediavelmente; dizem que "canta" mas nunca muda de música após milhares de anos de evolução. Por tudo isto (e mais algum outro argumento ou explicação que agora me não ocorra), sempre que ouço o raio-do-galo a azucrinar-me a existência, só consigo pensar "É galo...!!"
Sem comentários:
Enviar um comentário